O que eu quero é o mar; sorver a maresia, deixar-me salgar. Quero escrever na areia, versos efémeros, passageiros, que durem a eternidade da onda e se misturem na espuma. Quero o mar poema, cheio de lágrimas e versos, calmos, na ordem certa, ou revoltos, indomáveis, tomados pelo vento. Quero o mar, poema eterno, tecido na cadência das ondas, escrito no seu desmaio, declamado na sua força. Quero o mar, livro em branco que me receba palavra a palavra Verso a verso quadra a quadra Quero ser mar, Quero ser onda, espuma, Quero ser sal Quero ser a palavra que, temperada pela maresia, seduz o sabor dos dias. Aí o mar se faz poema, e o poema é nada mais do que mar! Jcs 2016