Mensagens

A mostrar mensagens de março, 2019

Poema em três atos

Poema em três atos Ato 1 Eu, poema,  desfiz-me no ácido dos dias e  tornei-me útil,  pronto a vestir de uma dor qualquer, Bocejo rápido,  contagiante como todos,  e terrivelmente banal,  de uso mezinha,  prescrição de vão de escada,  que por servir para tudo,  não serve para nada. Ato 2 Eu, poema,  pensei ser flor neste mundo cru,  o lírio branco  que enfrenta a noite sôfrega que o envolve,  aquela pequena luz bruxuleante  que Sena anuncia nas diferentes línguas,  (como se fosse por falta de entendimento  que nos tornamos pedras.) Ato 3 Eu, poema,  já  na efervescência final  que me come as aparas  e me rói os ossos,  submeto-me, sem aplausos,  ao fechar de panos  e ao inevitável silêncio. Aqui já não há “encore”. (C) João Cunha Silva