Poema em três atos
Poema em três atos
Ato 1
Eu, poema,
desfiz-me no ácido dos dias e
tornei-me útil,
desfiz-me no ácido dos dias e
tornei-me útil,
pronto a vestir de uma dor qualquer,
Bocejo rápido,
contagiante como todos,
e terrivelmente banal,
de uso mezinha,
prescrição de vão de escada,
contagiante como todos,
e terrivelmente banal,
de uso mezinha,
prescrição de vão de escada,
que por servir para tudo,
não serve para nada.
não serve para nada.
Ato 2
Eu, poema,
pensei ser flor neste mundo cru,
pensei ser flor neste mundo cru,
o lírio branco
que enfrenta a noite sôfrega que o envolve,
que enfrenta a noite sôfrega que o envolve,
aquela pequena luz bruxuleante
que Sena anuncia nas diferentes línguas,
(como se fosse por falta de entendimento
que nos tornamos pedras.)
que Sena anuncia nas diferentes línguas,
(como se fosse por falta de entendimento
que nos tornamos pedras.)
Ato 3
Eu, poema,
já na efervescência final
que me come as aparas
e me rói os ossos,
submeto-me, sem aplausos,
ao fechar de panos
e ao inevitável silêncio.
já na efervescência final
que me come as aparas
e me rói os ossos,
submeto-me, sem aplausos,
ao fechar de panos
e ao inevitável silêncio.
Aqui já não há “encore”.
(C) João Cunha Silva
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