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Amor e morte

Amor e morte Podes esconder-te no quotidiano dos dias, Vendo a chuva que cai, compassada e feroz; Podes ficar preso na surpresa dos cabelos alvos, Nos osso presos, dobrados pelo peso dos anos; Podes imaginar que te debruças sobre Todos os assuntos do mundo e que dedilhando percorres melodias; Podes esconder-te num sorriso e num apreço pelo que vês; Podes mesmo pensar que tudo superas, e que nada te calca. Mas tudo se resume a duas notas graves que caminham omnipresentes ao teu lado, notas perfurantes que invadem o conforto do teu silêncio: Amor e morte. O beijo quente, ardente onde a vida se faz; e o beijo frio com que te despedes pela última vez. Amor e Morte, sempre na mesma cadência, Multiplicados em múltiplos espelhos, Visto de inúmeros ângulos, Mas sempre a mesma cadência, Bruta, eficaz, desarmante: Amor e morte; Amor e morte. 2014/João Cunha Silva

(A)Mar

(A)Mar Quero ser pedra que ao mar se entrega, Quero ser areia beijada pelo vento a todo o momento; Quero mergulhar até ao fundo e daí ver o Mundo; Quero nascer de novo ao ver-te e voltar fazer castelos que durem um segundo, escavar buracos até não ver o fundo, cobrir-me de areia até não se ver pele e escrever letra a letra o teu nome, arrastando o calcanhar pela areia molhada, até formar a palavra com que te chamo e amo. Prometo voltar a esse areal e escrever poemas em todas as pedras que encontro e atirá-las ao mar, ao nosso mar! João Cunha Silva

Assim um mundo se fez

Caros amigos, Quem desejar fazer a pré-reserva do meu próximo livro "Assim um mundo se fez" pode fazê-lo preenchendo o seguinte formulário. O livro será lançado em outubro de 2014 numa data a divulgar oportunamente e terá o PVP de 12.50€. Trata-se de um livro infantil/juvenil, escrito por mim, ilustrado por Tânia Bailão Lopes e será editado pela Alfarroba edições. O livro destina-se a crianças dos 8 aos 10 anos (3º / 4º ano) e tem capa dura com as dimensões de 20x20. A história passa-se à volta de uma personagem adulta, que a certa altura reencontrou o seu olhar de criança ao se maravilhar, de novo, com as coisas que vê. O deslumbre, qual despertador de mentes adormecidas, resgata-o acidentalmente de uma vida banal, aborrecida e sem sentido e leva-o ao papel de criador. Esta é a minha tentativa de aproximar estes dois mundos que parecem por vezes inconciliáveis: o olhar novo de uma criança e o cinismo com que nós, adultos, nos obrigamos a olhar o mundo que nos rodeia. Daí ...

Agora Conto eu... " A Abelha Vaidosa - publicado no Tribuna Jornal a 27-06-2014

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A Abelha Vaidosa Os leitores mais atentos terão reparado que a crónica do mês passado não estava assinada…até correu bem, já o que o título era “Esqueci-me…” e realmente, há coisas que nos escapam, mesmo quando temos a preocupação de tudo controlar. Ilusão! Não conseguimos controlar tudo e por vezes é muito bom que assim seja. Para mim é sinal de humanidade, para outros … uma boa desculpa. Mesmo assim, aqui fica a minha explicação. Nesta minha recente vida de pai e de contador de histórias, por vezes, é difícil acordar a imaginação para criar uma história fresquinha, apetitosa e comestível para uma criança de olhos brilhantes, que está à espera, nada menos, do que uma história genial, capaz de ombrear com as grandes histórias da literatura infantil. Apesar de difícil, é uma das tarefas de pai que me dá mais prazer: adormecer a minha filhota ao som de uma boa história, inventada no momento, à vela da narrativa espontânea, com personagens muito a propósito e com a ouvinte / crítica mai...

Pré-reserva do livro "Assim um mundo se fez" de João Cunha SIlva

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Sem fim

Junto a mim, Assim! Sem objetivo, Ou fim. Só assim! Um abraço, Um beijo, Tu,  Eu, Assim! Sem verbo no meio, Só assim! Um olhar, Respirar, Os olhos fechar, Assim! Eu em ti, tu em mim,  Sem meta,  Prazo, Sem fim!

Palavra Nova

Hoje,  quero apenas uma palavra  que de nada seja escrava; Sem duplos sentidos ou ironias, que seja direta e livre, Sem metáforas ou alegorias. Quero que seja pura e nua, Sem condimentos e crua Que nada esconda ou disfarce, Que tudo diga e mostre. Não a quero oculta, nem insinuada; Nem para dizer tudo, abusada,  E não signifique nada. Quero uma palavra que seja nova, Fresca e de dicção fácil; Que nada me lembre, E tudo me permita. Mas já não há palavras dessas, Todas que encontro estão gastas: velharias de sótão abandonado; relíquias de igreja vazia; fósseis em museu fechado  De onde a brisa não arranca o mofo. João Cunha Silva

O título é… esqueci-me

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Agora conto eu (texto publicado no Tribuna Jornal a 30/05/2014, ironicamente não assinado por esquecimento.) João Cunha Silva O título é… esqueci-me Sempre fui muito distraído. Ou me esqueço da luz acesa, ou não me lembro onde deixei as chaves do carro, ou me esqueço da carteira, ou… sei lá… agora mesmo esqueci-me do que ia dizer… está aqui na ponta da língua, mas parece que se recusa a sair. Agora também já não importa. Sempre vivi desta forma, esquecendo-me das coisas, perdendo outras, encontrando-as depois, principalmente quando já não preciso delas. «Acontece…», costumava eu dizer! Pois, o que mais fazer nestas situações… não se pode mesmo fazer nada e até conseguia viver assim. Não me incomodava assim tanto. Obrigava-me a um difícil exercício mental e a um estado de alerta permanente, despertadores e alarmes em duplicado. Mas com meia dúzia de truques na manga, o dia-a-dia tornava-se suportável e ninguém se apercebia, a não ser um número muito reduzido de pessoas muit...

Os gostos não se discutem, mas os manifestos maus gostos sim!

Picada de mosquito Os gostos não se discutem, mas os manifestos maus gostos sim! Sei que o tema não tem a atualidade própria dos dias de hoje e também sei que já passaram uns dias sobre o acontecimento, mas o susto acontece efetivamente quando o temos e não quando alguém nos conta ou descreve. Saramago para mim é um génio, gosto de o ler, reler, ensinar... O seu livro O Ensaio sobre a Cegueira é o melhor livro que li, e nem vou perder mais tempo a justificar porquê, quem o leu, pode não concordar mas percebe, quem ainda não o fez...eu espero, ainda vai a tempo. Para além da escrita em si, admirava a forma simples e sóbria dos seus livros, em que se valorizava apenas o texto, mantendo as letras em tons acastanhados sobre um fundo cor creme ... eu percebo, a verdade é que um Nobel quase não precisa de marketing.  Como sabem o grupo Porto Editora adquiriu os direitos editoriais e por isso fizeram-se novas edições de todos os seus livros, o que é normal e até desejável. Agora...fa...

HÁ DITADURAS MAIS DEMOCRÁTICAS QUE A NOSSA DEMOCRACIA

Picada de Mosquito: Ouvindo as declarações de Passos Coelho, sobre a necessidade de existir um melhor escrutínio sobre quem é nomeado para o TC, não posso estar mais de acordo. Alarguemos a ideia e aplique-se a regra para saber que raio de currículo tem este tipo para ser Primeiro Ministro. Ainda assim, falta fazer a pergunta para a qual todos sabemos a resposta. Tivesse a decisão do TC sido diferente, teria Passos proferido as mesmas afirmações? Este raciocínio à menino prepotente de 8 anos, que quando faz asneira a culpa é das regras, dá-nos a conhecer o perfil e sentido de (ir)responsabilidade de quem tem tanta responsabilidade nas mãos. A repartição dos poderes é o primado da democracia e essa repartição é o que ainda nos protege do exercício do poder discricionário, arbitrário, total e louco. Estas afirmações são o mais grave atentado à democracia em Portugal de que tenho memória. A obrigação do Presidente da República, caso existisse, seria demitir do governo, dissolvendo a Ass...