Amor e morte
Amor e morte
Podes esconder-te no quotidiano dos dias,
Vendo a chuva que cai, compassada e feroz;
Podes ficar preso na surpresa dos cabelos alvos,
Nos osso presos, dobrados pelo peso dos anos;
Podes imaginar que te debruças sobre
Todos os assuntos do mundo
e que dedilhando percorres melodias;
Podes esconder-te num sorriso e num apreço pelo que vês;
Podes mesmo pensar que tudo superas, e que nada te calca.
Mas tudo se resume a duas notas graves
que caminham omnipresentes ao teu lado,
notas perfurantes que invadem o conforto do teu silêncio:
Amor e morte.
O beijo quente, ardente onde a vida se faz;
e o beijo frio com que te despedes pela última vez.
Amor e Morte, sempre na mesma cadência,
Multiplicados em múltiplos espelhos,
Visto de inúmeros ângulos,
Mas sempre a mesma cadência,
Bruta, eficaz, desarmante:
Amor e morte;
Amor e morte.
2014/João Cunha Silva
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