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Culpado

Um nervoso indesmentível tomava conta dele sempre que tinha de falar em público. A sala já estava composta e poucos eram os lugares por ocupar. Tinha escrevinhado um pequeno discurso num bloco preto. Sentou-se e no vazio ouviu o discurso balsâmico da representante da editora. Quando se preparava para falar, levantou-se uma mulher com o seu livro na mão. Aproximou-se e, de forma surpreendente, pregou-lhe um valente estalo na cara e disse: – Ela não devia ter morrido...
Agora conto eu...77 palavras "O lugar do morto" "Todos os dias se levantava e iniciava o ritual: tomava o pequeno-almoço a ler o jornal, fazia a barba de forma meticulosa, tomava um banho com prazer batismal, vestia uma camisa imaculada e, já com os sapatos calçados, pretos, sempre pretos e impecavelmente limpos, apertava a gravata ao espelho com um olhar ausente e distante. Vestia o casaco e alisava as poucas engelhas que encontrava. De seguida, deitava-se na cama de regresso ao seu lugar de morto." João Cunha Silva
Declaração de interesses! Em desacordo com aqueles que estão em desacordo com o ACORDO (1) Confesso que seria muito mais fácil fugir ao tema ou então refugiar-me em justificações legais ou até, quem sabe, aconselhamentos editoriais. Mas não vou por aí (Régio, levo-te esta emprestada). Não é por ignorância, desleixo ou seguidismo cego, que tenho optado nos meus escritos (quase todos, confesso há coisas que ainda me fazem naturalmente confusão) por escrever de acordo com o AO. Nem tão pouco se trata de subserviência ou falta de patriotismo. Nem mesmo um desamor  latente com a Língua Portuguesa (maiúsculas ou sem maiúsculas?). Lamento também contrariar alguns arautos do que é certo, sim esses que estão sempre contra tudo, por ser moda, chic, ou até quem sabe, porque hoje fica bem ter uma nota de rodapé, seja lá  qual for  a nota: pode ser  “ x, ou y escreve de acordo com a grafia antiga” (exploremos o filão desta ideia, grafia antiga…); mas poderia muito bem ser: “...

Sem brilho

Hoje não consigo ser poeta! Falta-me o ar fresco de uma manhã nova; Falta-me a corrente de ar, vinda de uma janela aberta; Falta-me um olhar arejado, Próprio de uma mente desperta. Hoje não me deixem ser poeta, pois as minhas palavras, todas elas tardias e desnecessárias, Já não exaltam o que vejo, Nem lhe dão brilho nem cor. Hoje não me deixem ser poeta, pois não quero ser sombra ou manto poeirento, que rudemente cobre a beleza de um momento de silêncio. João Cunha Silva
Cores Na Lua d'A Maria da Lua by Joao Cunha Silva Juntei as palavras Que tinha no coração Ordenei-as com carinho E fiz esta canção. É sobre uma história, Que um dia ousei sonhar Cheia de cores e magia Que a ti quero contar Senta-te sossegada E ouve com atenção esta história de mil cores Polvilhada de ilusão. Uma menina triste Um rapaz sonhador Acabaram por se encontrar Numa história de amor Com flores a Lua pintou, Como por magia E na menina transformou A tristeza em alegria Dois seres de dois mundos Capazes de sonhar Lembrando-nos que o amor tudo pode transformar 2013/João Cunha Silva #joaocunhasilva
Tales of a Strange Nature Butterpotomus João Cunha Silva © João Cunha Silva This story is not yet famous, But caught me in the eye, The tale of Butterpotomus, A hippo that could fly.     ... The End
Tales From a Strange Nature The Monkeyraffe João Cunha Silva © João Cunha Silva T his is a story that, You haven’t surely heard: It’s not about a cat; It’s not about a bird. ... Ver mais em: joaocunhasilva.wix.com/joaocunhasilva
Passei por ti… Passei por ti e tu, triste olhavas para tudo, olhavas para nada. Sentada nessa soleira, Calcada, suja, gasta… Essa soleira… metáfora de ti própria, Que todos calcam, Que todos sujam, que todos gastam... local de passagem, Nunca destino, nunca paragem. Em ti, foi a mim que vi: olhos ocos, vazios despojados de tudo apenas cheios de nada, Sou como a soleira onde te sentas, não sou destino, não sou paragem, apenas poiso de bicho faminto, um lugar de passagem. João Cunha Silva /2013
Rio de mim Transborda o rio, transbordo eu Que não rio, Não te seguro nas minhas margens: Água à solta, bravia; Sem clausuras; aleatória e imprevisível. Foges dos meus braços e eu fraco Não te sustenho. És corrente, és onda, És maré, És torrente soprada pelo vento em todas as direções. Só posso largar, desistir, Também solto amarras E sujeito-me à vontade que não minha. Algum porto ou alguma praia me acolherá. JCS/2013
Abraço Corres para mim num abraço pronto E eu seguro-te ao Mundo. O teu sorriso, a tua alegria de viver, Me eleva, leva, alimenta… Entrego-me ao teu olhar Que me não julga; Entrego-me ao teu abraço, puro, verdadeiro que nunca acaba Entrego-me à tua cor; À flor que és E pétala sim, pétala sim Sem hesitações Resposta única, sincera e verdadeira. JCS/2013