Passei por ti…
Passei por ti e tu, triste
olhavas para tudo,
olhavas para nada.
Sentada nessa soleira,
Calcada, suja, gasta…
Essa soleira…
metáfora de ti própria,
Que todos calcam,
Que todos sujam,
que todos gastam...
local de passagem,
Nunca destino,
nunca paragem.
Em ti, foi a mim que vi:
olhos ocos, vazios
despojados de tudo
apenas cheios de nada,
Sou como a soleira onde te sentas,
não sou destino,
não sou paragem,
apenas poiso de bicho faminto,
um lugar de passagem.
João Cunha Silva /2013
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