Sem brilho

Hoje não consigo ser poeta!

Falta-me o ar fresco de uma manhã nova;
Falta-me a corrente de ar,
vinda de uma janela aberta;
Falta-me um olhar arejado,
Próprio de uma mente desperta.

Hoje não me deixem ser poeta,
pois as minhas palavras,
todas elas tardias e desnecessárias,
Já não exaltam o que vejo,
Nem lhe dão brilho nem cor.

Hoje não me deixem ser poeta,
pois não quero ser sombra
ou manto poeirento,
que rudemente cobre

a beleza de um momento de silêncio.

João Cunha Silva

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