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Agora conto eu - No precipício de uma folha em branco

Antes que o dia acabe

Antes que o dia acabe, Vou inspirar de forma sôfrega, E trazer a mim todo o ar novo que me circunda, Antes que o dia acabe Vou encher o peito de vontade de luz E aprisionar a lembrança do sol. Antes que o dia acabe, Vou usar todos os minutos disponíveis, Para ganhar tempo ao próprio tempo. Antes que o dia acabe, Farei tudo o que não fiz, serei tudo o que não fui Até nada restar por fazer ou ser. Antes que o dia acabe, Escreverei um poema… João Cunha Silva

Lançamento do livro "Assim um mundo se fez" texto de João Cunha Silva e ilustração de Tânia Bailão Lopes

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Amor e morte

Amor e morte Podes esconder-te no quotidiano dos dias, Vendo a chuva que cai, compassada e feroz; Podes ficar preso na surpresa dos cabelos alvos, Nos osso presos, dobrados pelo peso dos anos; Podes imaginar que te debruças sobre Todos os assuntos do mundo e que dedilhando percorres melodias; Podes esconder-te num sorriso e num apreço pelo que vês; Podes mesmo pensar que tudo superas, e que nada te calca. Mas tudo se resume a duas notas graves que caminham omnipresentes ao teu lado, notas perfurantes que invadem o conforto do teu silêncio: Amor e morte. O beijo quente, ardente onde a vida se faz; e o beijo frio com que te despedes pela última vez. Amor e Morte, sempre na mesma cadência, Multiplicados em múltiplos espelhos, Visto de inúmeros ângulos, Mas sempre a mesma cadência, Bruta, eficaz, desarmante: Amor e morte; Amor e morte. 2014/João Cunha Silva

(A)Mar

(A)Mar Quero ser pedra que ao mar se entrega, Quero ser areia beijada pelo vento a todo o momento; Quero mergulhar até ao fundo e daí ver o Mundo; Quero nascer de novo ao ver-te e voltar fazer castelos que durem um segundo, escavar buracos até não ver o fundo, cobrir-me de areia até não se ver pele e escrever letra a letra o teu nome, arrastando o calcanhar pela areia molhada, até formar a palavra com que te chamo e amo. Prometo voltar a esse areal e escrever poemas em todas as pedras que encontro e atirá-las ao mar, ao nosso mar! João Cunha Silva

Assim um mundo se fez

Caros amigos, Quem desejar fazer a pré-reserva do meu próximo livro "Assim um mundo se fez" pode fazê-lo preenchendo o seguinte formulário. O livro será lançado em outubro de 2014 numa data a divulgar oportunamente e terá o PVP de 12.50€. Trata-se de um livro infantil/juvenil, escrito por mim, ilustrado por Tânia Bailão Lopes e será editado pela Alfarroba edições. O livro destina-se a crianças dos 8 aos 10 anos (3º / 4º ano) e tem capa dura com as dimensões de 20x20. A história passa-se à volta de uma personagem adulta, que a certa altura reencontrou o seu olhar de criança ao se maravilhar, de novo, com as coisas que vê. O deslumbre, qual despertador de mentes adormecidas, resgata-o acidentalmente de uma vida banal, aborrecida e sem sentido e leva-o ao papel de criador. Esta é a minha tentativa de aproximar estes dois mundos que parecem por vezes inconciliáveis: o olhar novo de uma criança e o cinismo com que nós, adultos, nos obrigamos a olhar o mundo que nos rodeia. Daí ...

Agora Conto eu... " A Abelha Vaidosa - publicado no Tribuna Jornal a 27-06-2014

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A Abelha Vaidosa Os leitores mais atentos terão reparado que a crónica do mês passado não estava assinada…até correu bem, já o que o título era “Esqueci-me…” e realmente, há coisas que nos escapam, mesmo quando temos a preocupação de tudo controlar. Ilusão! Não conseguimos controlar tudo e por vezes é muito bom que assim seja. Para mim é sinal de humanidade, para outros … uma boa desculpa. Mesmo assim, aqui fica a minha explicação. Nesta minha recente vida de pai e de contador de histórias, por vezes, é difícil acordar a imaginação para criar uma história fresquinha, apetitosa e comestível para uma criança de olhos brilhantes, que está à espera, nada menos, do que uma história genial, capaz de ombrear com as grandes histórias da literatura infantil. Apesar de difícil, é uma das tarefas de pai que me dá mais prazer: adormecer a minha filhota ao som de uma boa história, inventada no momento, à vela da narrativa espontânea, com personagens muito a propósito e com a ouvinte / crítica mai...

Pré-reserva do livro "Assim um mundo se fez" de João Cunha SIlva

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Sem fim

Junto a mim, Assim! Sem objetivo, Ou fim. Só assim! Um abraço, Um beijo, Tu,  Eu, Assim! Sem verbo no meio, Só assim! Um olhar, Respirar, Os olhos fechar, Assim! Eu em ti, tu em mim,  Sem meta,  Prazo, Sem fim!

Palavra Nova

Hoje,  quero apenas uma palavra  que de nada seja escrava; Sem duplos sentidos ou ironias, que seja direta e livre, Sem metáforas ou alegorias. Quero que seja pura e nua, Sem condimentos e crua Que nada esconda ou disfarce, Que tudo diga e mostre. Não a quero oculta, nem insinuada; Nem para dizer tudo, abusada,  E não signifique nada. Quero uma palavra que seja nova, Fresca e de dicção fácil; Que nada me lembre, E tudo me permita. Mas já não há palavras dessas, Todas que encontro estão gastas: velharias de sótão abandonado; relíquias de igreja vazia; fósseis em museu fechado  De onde a brisa não arranca o mofo. João Cunha Silva