Empurro a pedra, Sou eu o Sísifo dela, E já não sei se não é ela que puxa; Anseio o prazer do alto e nem a A lembrança da avalanche me faz recuar. Hei-de cair, eu sei, mas não sem antes ver o alto, dois pés inchados e braços dobrados, vontade inquebrável, subida, atrás de subida. -Ao menos um copo de água para o que faz de Atlas! Anseio em segredo pelas asas de Dédalo, mas baixo a cabeça, mantendo a sede e empurro ladeira acima. Olham-me e eu olho-os, sem tirar os olhos da pedra. Sombras de grifos, em círculos, voam, mas a carne é viva e rija...terão de ser pacientes, pois não me entrego. Quando me prostrar, há-de sobrar pouco de mim, aí biquem o osso até dar faísca. chego ao topo, penso eu, agora a pedra puxa, leva-me ao início. Nem os olhos lá do alto abri, mas a brisa pura tudo me disse, e desci puxado ao ponto de partida. ...