Rio de mim Transborda o rio, transbordo eu Que não rio, Não te seguro nas minhas margens: Água à solta, bravia; Sem clausuras; aleatória e imprevisível. Foges dos meus braços e eu fraco Não te sustenho. És corrente, és onda, És maré, És torrente soprada pelo vento em todas as direções. Só posso largar, desistir, Também solto amarras E sujeito-me à vontade que não minha. Algum porto ou alguma praia me acolherá. JCS/2013
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#Paris
Claro que há sempre alguém que diz que colocar filtros com a bandeira da França é uma hipocrisia. Até poderá ser: realmente a morte dos 200 passageiros russos, dos atentados em Beirute e de tantos outros é tão absurda, abjeta, irracional, injusta, inqualificável, como as mortes em Paris. Que nenhuma dúvida reste quanto a isso. No entanto, infelizmente por um lado, mas compreensivelmente por outro, choramos mais por quem nos é mais próximo. Quem não o faz? Isso não diminui a dimensão dos acontecimentos, nem a sua dureza. Reconheço que temos uma falta de conhecimento sobre o que está longe, sobre o que nos é distante, sobre o outro. Só nos dói quando realmente nos dói. Mas muito mal estaríamos se nem nesses momentos manifestássemos a nossa humanidade perante o que aconteceu. Ao ver o absurdo, mesmo que este seja repetido e outras vezes negligenciado, nunca admirei o discurso do “só agora é que reparaste!”, preferiria que me dissessem “Bem-vindo a esta luta!” # prayforparis , ...
(A)Mar
(A)Mar Quero ser pedra que ao mar se entrega, Quero ser areia beijada pelo vento a todo o momento; Quero mergulhar até ao fundo e daí ver o Mundo; Quero nascer de novo ao ver-te e voltar fazer castelos que durem um segundo, escavar buracos até não ver o fundo, cobrir-me de areia até não se ver pele e escrever letra a letra o teu nome, arrastando o calcanhar pela areia molhada, até formar a palavra com que te chamo e amo. Prometo voltar a esse areal e escrever poemas em todas as pedras que encontro e atirá-las ao mar, ao nosso mar! João Cunha Silva
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