A parábola da galinha e da vizinha
A parábola da galinha
e da vizinha
Conta-se por aí que num certo tempo, num qualquer país por aí, havia uma família
que tinha uma galinha. A galinha era magra como os seus donos e, nem estes
tinham comida para dar à galinha, nem a galinha por ser tão esquelética, lhes servia
de comida. A certa altura uma vizinha, que passava pela porta daquela família,
ao ver a galinha tão fraca e magra, começou a deixar um pouco de milho todos os
dias. Ao fim de algum tempo, a galinha foi naturalmente engordando e passados
alguns meses, não mais do que três, as cores vivas voltaram às suas penas e a
carne voltou a envolver os seus ossos. Naturalmente, todos ficaram agradecidos
com a generosidade da vizinha, pois se ajudava a galinha também os ajudava a
todos. Claro que galinha gorda em tempo de fome tem o destino traçado. No
entanto, esse destino, com cheiro a cabidela, foi sendo adiado a pedido da
própria vizinha. A galinha estava mais gorda do que nunca, mas a família
continuava magra, já que comer com os olhos não enche barriga. Como apesar de
esfomeados estavam eternamente agradecidos, reconhecendo o ato benemérito da
vizinha, não conseguiram colocar a galinha na panela. Para todos os que não
conheciam o acordo, era muito estranho que uma família tão pobre e com olhos de
fome, tivesse uma galinha tão gorda e apetitosa. O certo é que o tempo foi
passando e a galinha não cobriu aqueles pratos cheios de nada. Um dia, quando
menos esperavam, a vizinha tida como bondosa, em vez de abrir a mão para largar
o milho, fechou-a à volta do pescoço da galinha e nunca mais ninguém a viu: nem
à galinha, nem à vizinha. O caso foi dado como estranho naquela aldeia. Haveria
por certo uma explicação. O que todos sabiam ao certo, apesar das muitas
dúvidas que os cercavam, era que a engorda da galinha fora feita afinal para
servir a vizinha e os seus apetites.
Perante esta parábola todos percebemos sem muita dificuldade que a atitude
da vizinha é ética e moralmente reprovável. A sua atitude revela premeditação e
uma inversão nos valores da justiça. Revela também uma falta de vergonha e falta
de consciência social. É tudo reprovável: desde a ajuda interesseira até ao
próprio ato de roubar, principalmente a quem já nada tem!
É simplesmente errado! Não é Maria Luís Albuquerque?
Não precisa de responder!
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