Agora Conto eu..Sondagens e a Teoria das Chocas
Agora Conto eu..Sondagens e a Teoria das Chocas
Se este título parece despropositado, será melhor fazer uma análise mais
profunda ao conteúdo do texto. Apesar de me poder estar a referir a prospeções
petrolíferas, o mais certo, dado estarmos em cima das eleições presidenciais, é
estar a falar das sondagens eleitorais. Se o pensaram, estão certos. Quanto à
Teoria das Chocas e à sua relação com as sondagens, sei que vai dar mais
trabalho explicar. No entanto, depois de apresentar alguns pontos prévios será fácil
de compreender. Assim, convém explicar que o termo “chocas” é um termo ligado à
tauromaquia, usado para designar as vacas que “convencem” o touro bravo a sair
da arena. Não me vou alongar muito com explicações tauromáquicas, primeiro
porque sei muito pouco e aprecio muito pouco, apesar de respeitar sempre muito…
os touros e restantes animais envolvidos. Quem não desistiu de ler até aqui, no
mínimo deve estar a perguntar-se por que motivo ainda continua. Mas acompanhem-me
por mais umas linhas.
Despois de explicar o que são as “chocas”, parto agora na tentativa de
explicar a sua teoria. Ora, a Teoria das Chocas nada é mais do que a minha
tentativa de explicar o condicionamento humano, aquele condicionamento
subliminar, que aparece sem aviso e sem deixar rasto e que nos ilude ao
pensarmos que tomamos decisões de livre-arbítrio. Todos os dias somos sujeitos
a este tipo de condicionamentos que nos levam a fazer escolhas que pensamos ser
nossas, mas que são fruto de muita “vaca choca” que anda por aí. Da mesma forma
que o touro é levado para o caminho pretendido sem ser obrigado, somos também
teleguiados à distância com o objetivo de sermos levados num determinado
sentido. Ora se a escolha é condicionada, logo não é livre. Se não fossem as
vacas “chocas”, iria o touro sair de livre vontade da arena? Estou quase certo
que não. Mas, como não sabe a faca que o espera, nem quem a vai espetar, deixa-se
levar, pensando que está a seguir o seu caminho e sem se questionar.
Acontece o mesmo com o bicho humano. Deixamos de pensar muito sobre as
coisas e, logo que tenhamos a ilusão que temos o poder de escolha, deixamo-nos
ir sem questionar muito e sem lutar pela nossa própria opinião e escolhas. Vamos
com a manada, isto para não deixar fugir o estilo bovino da crónica.
Ora, para um cidadão, não há altura mais importante do que aquela em que é
chamado a escolher o seu destino por meio do voto. É normal que aqueles que
querem o nosso voto nos tentem convencer, mas para mim, esses ou essas não são
as “vacas chocas”, apenas fazem o que têm de fazer, tal e qual faz a mulher da
feira que usa o pregão para vender o seu peixe. O que já não é normal e é mesmo
doentio para qualquer democracia é o uso e abuso de sondagens, com critérios
duvidosos e por vezes de cientificidade escabrosa, isto para ser gentil.
Esquecendo agora o facto de muitas vezes apresentarem números “martelados”; admitindo
até que estão imbuídas de uma neutralidade, independência e cientificidade a
roçar a santidade, não serão elas uma forma de coação, constrangimento,
condicionamento do evento futuro do voto? Os resultados das eleições seriam
iguais na sua ausência? Para mim as sondagens são as verdadeiras “vacas chocas”
guiando-nos para um caminho escolhido por outros, sabe-se lá com que intenção.
É claro que a ausência de dois mundos paralelos impossibilita o
contraditório. Mas para o touro isso interessa muito pouco: pois seja qual for
a sua escolha terá sempre uma faca afiada como fim.
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