Rio de mim Transborda o rio, transbordo eu Que não rio, Não te seguro nas minhas margens: Água à solta, bravia; Sem clausuras; aleatória e imprevisível. Foges dos meus braços e eu fraco Não te sustenho. És corrente, és onda, És maré, És torrente soprada pelo vento em todas as direções. Só posso largar, desistir, Também solto amarras E sujeito-me à vontade que não minha. Algum porto ou alguma praia me acolherá. JCS/2013
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Pantomima
Pantomima Entre dois olhares, Desejo, Angústia certa, Que aperta E desfaz! E regressa, Curioso... Entre dois olhares A vida, Ora cheia e semântica. Ora ridícula e vazia. E isto é, afinal, apenas nada. Folhas que caem, Tempo que se gasta, Carne que morre. E o olhar, Aquele primeiro olhar, Que traz o brilho do sonho em anexo, Aquele que incessantemente busco, Não mais aparece. Fecha-se o pano, aplauda o público. Por hoje, a peça acabou. João da Cunha / 2017
#Paris
Claro que há sempre alguém que diz que colocar filtros com a bandeira da França é uma hipocrisia. Até poderá ser: realmente a morte dos 200 passageiros russos, dos atentados em Beirute e de tantos outros é tão absurda, abjeta, irracional, injusta, inqualificável, como as mortes em Paris. Que nenhuma dúvida reste quanto a isso. No entanto, infelizmente por um lado, mas compreensivelmente por outro, choramos mais por quem nos é mais próximo. Quem não o faz? Isso não diminui a dimensão dos acontecimentos, nem a sua dureza. Reconheço que temos uma falta de conhecimento sobre o que está longe, sobre o que nos é distante, sobre o outro. Só nos dói quando realmente nos dói. Mas muito mal estaríamos se nem nesses momentos manifestássemos a nossa humanidade perante o que aconteceu. Ao ver o absurdo, mesmo que este seja repetido e outras vezes negligenciado, nunca admirei o discurso do “só agora é que reparaste!”, preferiria que me dissessem “Bem-vindo a esta luta!” # prayforparis , ...
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