Febril

Febril

Quero um desafio febril,
Um saque, voraz e bruto
Que me tire tudo à força,
Que de lágrimas me deixe enxuto.

Quero ser frio de serra
Quero ser vento que no silêncio berra,
Quero ser pó, quero ser terra
Quero ser mudo
e dizer tudo.

Quero ser lâmina que a vida corta,
um estilhaço de vidro,
Que a planta corta
e a faz morta.

Quero escrever no abismo da folha,
não ver o fundo,
Não ter escolha,
só ver o mundo.

Quero ser verso imperfeito,
Um gesto feito sem jeito.
Uma frase que não mais termina,
Que não rima, que não rima, que não rima.

(e esta lágrima que não seca!)

João Cunha Silva

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