Crestuma

Crestuma

Hoje, vi-te banhada na espuma
revolta, estridente,
que numa vontade dúbia
te arrasta para o mar,
e te agarra sem te largar.

Solta-se pedra a pedra,
torrão a torrão,
peça a peça
até nada ficar.

És apenas história,
querem fazer crer…
nada mais que papiro,
enterrado no lodo da memória,
De onde nada poderá nascer.

E a tua gente?
Agarrar-se-á aos teus pés?
Ou fraca, é arrastada pelas marés?

E o cortejo segue em marcha fúnebre
Cobrem-te com mil bandeiras
E usam-te de mil maneiras…
Ficando apenas o deserto,
Sem oásis por perto.

Apenas o sino não se cala,
contando uma a uma,
as almas de quem parte!

Soltam-se as amarras;
soltam-se as imagens
da gente alegre,
dos dias festivos,
e não há ninguém que berre!

E eu imagino, que mesmo fraca resistes,
Bela, como só tu consegues ser
Digo sussurrando a medo,
Que nunca poderás morrer.

Mas o que vejo é imagem de lápide,
A fotografia final,
E lá no meio da espuma
Leio para meu desgosto
“Aqui jaz Crestuma!”

JCS

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