Há na rua por onde passo   Há na rua por onde passo  uma porta de cor vermelha.  Todo o dias a vejo  Naquele sorriso tímido  Escondido no vestido escarlate  Juro que fala  E me diz bom dia  Respondo, é claro!  Não fica a falar sozinha.  Por vezes apanho-a distraída  E aí sopro os bons dias primeiro.  Abrando e aguardo a resposta  Que me ilumina o resto do dia.  Ao passar tiraria o chapéu, por certo  ...isto se o tivesse.  Tenho mesmo de arranjar um chapéu... É isso!  Um Fedora, como o meu avô.  Dar-me-á o ar distinto que a ocasião pede  Irá gostar, por certo,  mas não posso ter a certeza:  Nunca lá entrei;  nem espreitei;  Apenas vi o sorriso da caixa de correio entreaberta  À espera de novas em forma de carta  Escrever-lhe-ei uma carta,  Sim, da próxima vez que passar  Hoje não, que já lá não passo de novo.